1. Divisão da área de intervenção por grupos
A temática sobre o Edificado de Vila do Conde foi dividida por três grupos constituídos por quatro elementos respectivamente, para que uma análise e entendimento sobre o edificado ficassem melhor compreendidos e abordados, podendo assim servir de auxílio aos restantes grupos de análise.
A cada grupo do Edificado foi atribuída uma zona específica de Vila do Conde, delimitada pelas ruas com maior afluência e importância, subdividindo ainda estas em zonas de menor dimensão, para assim se conseguir ter uma melhor noção da realidade do edificado perante este meio urbano.
2. Identificação do edifício
Com o objectivo de analisar o Edificado de uma forma concisa e de conseguir transmitir da melhor forma possível a informação para os demais, estabeleceu-se uma ordem concreta relativamente á numeração das zonas, ruas e edifícios. Essa numeração, feita na planta de Vila do Conde, não foi feita de uma forma aleatória mas sim concisa. Orientando esta a Norte a marcação foi feita de cima para baixo e da esquerda para a direita, ou seja Norte para Sul e Oeste para Este, permitindo assim uma leitura rápida e concreta da planta.
3. Época de construção:
Cada época foi determinada com o recurso á história do edificado e da cultura de vila do conde, tentando-se dividir o edificado por épocas marcantes, quer pela sua matriz tipológica mas também pela matriz cultural. Assim com recurso a estudos anteriores verificou-se os edifícios existentes actualmente e qual a percentagem durante épocas distintas da história da cidade.
1200 a 1800
Dos edifícios actuais os mais antigos surgiram no século XIII, marcando-se aqui o início para a primeira época de construção , verificando-se que até ao século XIX(1800) mantém-se hoje 4% dos edifícios actuais, não se notando por isso a necessidade de dividir esta época .
1800 a 1900
Durante este século , apareceram elementos que podem mudar a tipologia do edificado, nomeadamente a expansão balnear.
1900 a 1930
Época que engloba as construções que apareceram desde o início do século XX até ao início do regime do estado novo.
1930-1970
Nesta época pretende-se definir e aliar num só conjunto de matriz estilística e cultural todos os edifícios construídos durante o estado novo, para que através da sua análise posterior mais detalhada seja possível determinar toda uma cultura de edificar e de viver que se desenvolveu nesta época, político e culturalmente marcante da nossa história.
1970-actualidade
Nesta época pretende-se determinar a evolução do edificado em quase meio século passado, em que se regista um grande crescimento do edificado e a introdução de novos materiais na nossa construção
Nesta época os edifícios que se conservaram até hoje são maioritariamente relacionados com o culto religioso, ou então solares que são construídos de forma predominante em pedra granítica, servindo este material como elemento estrutural através da sua aplicação contínua na parede sendo também aplicada na cantaria dos vãos e nestes casos decorada, com elementos figurativos característicos de cada época. A forma artesanal como a pedra era trabalhada ajuda a perceber a sua época construtiva. As portas e janelas como a sua caixilharia é em madeira. Cobertura inclinada e em telha. Neste espaço de tempo estes edifícios associam-se a estilos como o românico, gótico, manuelino, barroco, rococó e neoclássico. As construções conservadas desta época são maioritariamente isoladas ocupando uma posição notável comparada com outros edifícios relativamente á cidade. A nível do próprio edifício os vãos são numerosos e de pequena dimensão a nível da largura (nunca muito superior a 1,20m) distribuídos harmoniosamente na fachada, de notar que nestas construções os vãos a nível do primeiro piso, a área dos vãos, é mais reduzida comparando com a dos pisos superiores.
1800 a 1900
O tipo de construção é, predominantemente, em banda e adoçados á via. Nesta época a pedra continua a ser o material mais utilizado sobretudo a nível de cantarias, não sendo estas tão exuberantes como anteriormente, tal como seu aspecto nas paredes, que não é tão bem tratado, sendo posteriormente revestida, deixando-se á vista apenas as cantarias, sendo muitas vezes utilizada a construção em taipa. Os vãos continuam de dimensões contidas devido á técnica da utilização da pedra, no entanto a área dos vãos do primeiro piso, comparando com os pisos superiores, tende agora a superiorizar-se. É também nesta época que se nota o início da expansão balnear em Vila do Conde. Construindo- se uma série de edifícios para albergar pessoas vindas de fora, no entanto, desses exemplares só se manteve um ao longo dos anos, mas que veio trazer para a cidade a linguagem romântica. As varandas no piso superior são pequenas sendo feitas com a base de pedra e com a guarda em ferro, ambas com algum ornamento.
1900 a 1930
A tipologia construtiva desta época caracteriza-se, por um lado pela sua pequena dimensão e essencialmente de um piso em que os vãos aparecem com uma porta, e janelas dependendo este número da dimensão da mesma. Outra das tipologias tem a ver com a habitação com dois ou três pisos, distingue-se pela ornamentação a nível das cantarias, e com a varanda a nível dos pisos superiores feita em pedra. Outras das tipologias também encontrada tem a ver com a casa com a parede murada com o quintal no interior, esta tipologia tardio medieval é encontrada algumas vezes nesta zona de análise em habitações quer desta época quer de épocas anteriores. A nível de materiais a pedra deixa de ser elemento estrutural nas suas cantarias sendo revestida de forma mais acentuada.
1930 a 1970
A tipologia de construção desta época distingue-se das anteriores essencialmente pelos tipos de materiais utilizados e a forma como os mesmos são tratados continuando-se a construir por necessidade. O betão começa a ser introduzido na construção, no entanto a sua utilização em Vila do Conde nesta época não é muito notória continuando-se as técnicas das épocas anteriores. A tipologia da casa isolada começa a vulgarizar-se nesta época, havendo uma dispersão do edificado sobretudo pelo aparecimento da indústria, criando-se diferentes pólos habitacionais, a porta da garagem começa a fazer parte da construção de raiz, a cantaria de pedra não é tanto utilizada no que diz respeito essencialmente aos edifícios de habitação. A tipologia da casa com uma parede murada subsiste, dentro de muros funciona normalmente o quintal. Outra tipologia que aparece com frequência é da casa de um piso com pequenos vãos, mas em que a fachada principal é trabalhada de forma artificial, surgindo com uma platibanda a esconder a cobertura do edifício. Outra tipologia é da casa de parede forte em que os vãos são ampliados e decoradores,são edifícios com um piso, ligeiramente elevado ao nível da terra e aparece com os beirais extremamente decorados e com chaminés também decoradas (influencia Raul Lino). O revestimento das paredes é feito com um tipo de argamassa que posteriormente é caiada ou pintada.
1970 até a actualidade
A tipologia do edificado nesta época caracteriza-se sobretudo pelo um aumento de escala comparada com as épocas anteriores. A generalização do betão armado como base das construções permitiu o aumento da dimensão dos vãos, aparecem maiores balanços a nível de projecções, tais como varandas, que agora aparecem com maior frequência e com maiores dimensões, este factor faz com que os vãos não sejam agora abertos só por necessidade, o que leva a um descontrolo na sua abertura. Existe uma tipologia característica desta época em que há um exagero na quantidade de águas dos telhados, e na habitação é reforçada a presença exagerada das lareiras e respectivas chaminés. As cornijas e os beirais destas habitações são agora de maiores dimensões. Outra das tipologias na habitação com a casa de dois pisos em que no primeiro piso funciona a garagem e uma serie de apoios á habitação que funciona no segundo piso. O plástico e o alumínio fazem também agora parte dos estores passando também agora o alumínio para a caixilharia. Outras tipologias existentes é a da construção de edifícios em altura albergando no interior apartamentos destinados sobretudo ás famílias que vem passar o verão nesta cidade. Geralmente no primeiro piso destes edifícios funcionam comércio ou serviços e nos pisos inferiores á linha de terra funcionam garagens. A cobertura plana começa a ter afirmação também em parte dos edifícios sobretudos naqueles construídos na última vintena. Atribuindo aos edifícios um carácter mais simples, em que de certo modo se condena o ornato.
4.Ocupação funcional:
Os edifícios das cidades, principalmente nos centros urbanos, possuem frequentemente mais do que uma função. A identificação dessas funções por edifício, possibilita perceber a localização, distribuição e concentração das mesmas, e assim conhecer as suas zonas de dominância. Com este parâmetro de avaliação, percebe-se ainda as diferenças funcionais entre o piso térreo, ao nível da rua, e os pisos superiores.
5.Número de pisos:
O conhecimento do número de pisos dos edifícios permite conhecer a cércea dominante em Vila Conde, bem como cérceas dominantes em determinadas zonas. Esta informação possibilita também ter noção do skyline e de escala. É ainda possível uma avaliação da relação altura-afastamento entre edifícios, bem como do edifício com a rua e restante envolvente.
6.Estado de conservação:
Este ponto de avaliação do edificado permite o conhecimento geral do estado de conservação dos edifícios de Vila de Conde. Assim é possível identificar os edifícios e as zonas da cidade onde o edificado se apresenta com maiores debilidades, locais onde uma intervenção será necessária a curto-médio prazo.
A avaliação é feita através do seguinte critério:
- BOM estado de conservação: Edifício que não apresente nenhum tipo de patologia considerável;
- RAZOÁVEL estado de conservação: Edifício com patologias que não ponham em causa a sua estrutura - pintura em mau estado, fissuração que não ponha em causa o bom isolamento da parede ou a sua estrutura, cobertura que não responde de todo á sua função ou apresenta irregularidade que a curto prazo a pode comprometer. Protecção dos vãos com patologias que não põe em causa a sua função;
- MAU estado de conservação: Edificado com elevado índice de degradação, apresentando patologias que põem em causa a sua estrutura, fissuração que põem em causa o isolamento da parede ou a estrutura da mesma.
A cobertura não responde á sua função, levando á infiltração de água no edifício. Ou cujo material utilizado para garantir a sua impermeabilidade seja precário (filmes plásticos, placas de zinco etc). A protecção dos vãos não responde á sua função.
- RUÍNA: Edifício no seu estado último de degradação ou muito próximo deste. Sem cobertura ou esta não responde de forma alguma á sua função. Paredes parcialmente ou totalmente destruídas. Protecção dos vãos inexistente.
7.Relação com a estrutura pública:
A forma como o edifício se relaciona com toda a envolvente e se apresenta perante o espaço público, são factores que contribuem para a sua caracterização geral.
A avaliação é feita através do seguinte critério:
- BOA relação com a estrutura pública
Quando a relação entre cércea do edificio e largura da via se mostra suficiente, conferindo-lhes uma boa salubriedade;
O espaço pedonal apresenta largura sficiente que permita ás pessoas manter o bom funcionamento do edifício;
Relação directa com espaços públicos (praças, jardins públicos, largos,…).
- RAZOÁVEL relação com a estrutura pública
A relação entre edifício e largura do espaço pedonal é proporcional, no entanto a ocupação funcional do edifício condiciona essa relação.
- MÁ relação com a estrutura pública
Má relação entre acessibilidade ao edifício e largura do passeio, tendo em conta a sua funcionalidade;
Saída directa para uma via viária;
8.Materiais e Cores:
Com a informação dos materiais e das cores, será possível determinar quais as dominâncias gerais de zona para zona. Estes dados, permitiram a carcterização da “pele”, do revestimento final do edifício, que por ser o que está visivel tem grande influência na imagem do edifício.
Tipo de cobertura:
A cobertura é um elemento com uma forte presença e influência na imagem dos edificios. Torna-se assim numa informação relevante para a carcterização da imagem com que os edifícios se apresentam ao domínio público.
9.Estacionamento privado:
Os efeitos do automóvel têm grande peso nas decisões actuais sobre a cidade. O seu aparcamento é uma das grandes preocupações, e por isso esta informação permitirá perceber qual a capacidade do edificado perante este fenômeno, bem como o número de edifícios equipados com estacionamento privado, e quais as zonas onde tal valência está ou não disponível.
10.Classificação do edifício:
Pretende-se identificar quais os edifícios classificados. Conhecendo assim o património arquitectónico de Vila do Conde. Simultaneamente, procurar-se-á perceber se existem outros edifícios, ou conjunto de edifícios, que pela sua história, matriz linguistica ou outra situação relevante, mereçam apreciação para serem protegidos, ou potencialmente classificáveis.
11.Classificação do edifício:
Pretende-se identificar quais os edifícios classificados. Conhecendo assim o património arquitectónico de Vila do Conde. Simultaneamente, procurar-se-á perceber se existem outros edifícios, ou conjunto de edifícios, que pela sua história, matriz linguistica ou outra situação relevante, mereçam apreciação para serem protegidos, ou potencialmente classificáveis.
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